quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Quem é o vilão?

A gente tenta ficar bem porque é importante, porque não quer preocupar a família e os amigos, porque entrar no ciclo virtuoso do bom humor faz bem ao corpo e ao espírito. Tudo muito bonito, mas fica complicado (eufemismo, tá?!) se você, além de ter que lidar com uma realidade do ca**te, tem que combater essa irritabilidade que vem dos remédios.

Corticóide ou corticosteróide (popularmente chamado de cortisona) é um remedinho porreta antiinflamatório, antiexsudativo (que impede a transpiração de substâncias do corpo), antialérgico e bactericida muito importante para o ser humano que vive radicalmente no limite - limite da imunidade (leucóticos a 3.2 uhuuuuuuuuuuuuuuuu - medo!). Mas ele traz uma série de efeitos colaterais, dentre eles as alterações de humor. 

Pior que dessa vez parece que minha médica caprichou no corticóide! Fiquei super inchada, ansiosa, com uma fome animal e muito muito muito irritada. E, sabe como é, enquanto eu era a Poliana estava todo mundo achando lindo, mas quando baixa o Garoto Enxaqueca a tolerância alheia vai por ralo abaixo. "Nossa, ela foi tão grossa!", "Nossa, por que será que ela está tão irritada?!" Por que será, né?!

Então, eu peço, se eu tenho uma nuvenzinha sobre a minha cabeça soltando raios e trovões, isso não é pessoal. Se eu não respondi com amor a sua pergunta (especialmente quando você me perguntou mais de uma vez), isso também não é pessoal, por favor, entenda! Entenda e mantenha uma distância de segurança kkkkkk (brincadeirinha).

obs: tive 2 semanas de férias do meu tratamento e já estou bem melhor, mais calma, menos inchada e com a apite normal! Louca para ter um grande intervalo nesse tratamento enlouquecedor e poder viver minha vida dentro dos meus parâmetros e não nos efeitos das drogas que tenho que ingerir.


fonte figura: http://www.apsicologa.com/2010/09/mau-humor-cronico-sera-distimia.html


fontes do texto: 
http://blogdalergia.blogspot.com.br/2007/06/corticides-faca-de-dois-gumes.html http://www.abc.med.br/p/296585/conhecendo+melhor+os+corticoides.htm

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Tumor x Humor

Arrumei um novo amiguinho de quimioterapia.  Há algum tempo nós nos encontramos no hospital em dia de sessões e consultas, mas, só depois de passarmos hooooooras conversando a espera do resultado do exame de sangue na última 2ª feira, acabamos descobrindo uma certa afinidade. Ele é muito bom de papo, inteligente e bem humorado.

Hoje estávamos fazendo quimio juntos e ele construiu uma relação linguística que achei bem interessante. "O humor é o contraponto do tumor", disse. "Só com muito humor para combater o tumor." Continuou. E, como professor de português, chamou atenção para o fato de conseguirmos elaborar essa reflexão semântica trocando um único fonema.

Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção entre os pares de palavras: amor - ator / morro - corro / vento - cento
  
Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que você, como falante de português, guarda de cada um deles. É essa imagem acústica, esse referencial de padrão sonoro, que constitui o fonema. Os fonemas formam os significantes dos signos linguísticos.  (http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php)

Assim acontece com tumor - humor. Mas, segundo meu novo amigo, nesse caso não devemos trabalhar no campo da diferença dos significados, mas da suas semelhanças, ou melhor, da necessidade de relação entre elas. O câncer está em nosso imaginário como algo muito negativo, que nem mesmo deve ser pronunciado "aquela doença". Trabalhar o (bom) humor e autoestima com certeza é vital para o processo de cura e/ou qualidade de vida do paciente.

----

Essa questão do humor me fez lembrar de um outro post que escrevi (Cancerland, por Kaylin Andres) sobre o blog de uma americana que tem "cancer is not funny" no endereço e "cancer is hilarious" no cabeçalho. Um pouco de humor ácido é sempre bom kkkkk Adoro kkkkkkk

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sonhando 2013, sonhando sempre


Bisbilhotando coisas que as pessoas postam no FB, achei essa foto, que me fez lembrar dos meus sonhos, meus delírios, chamem como preferir. Sempre achei que me desapeguei mais do que a maioria, que arrisquei mais. Larguei um emprego público, casei com pouco mais de um ano de relacionamento (lembrem-se, no meio desse prazo tem o tempo pros proclames!), me mudei para outro país sem lenço e com documento... 

Depois da doença, comecei a achar que me arrisquei pouco, que no fundo não me desapeguei da minha dependência a falsa sensação pequeno-burguesa de segurança, de ter uma casa, dois filhos e uma aposentadoria privada. Uma vida de propaganda de margarina. Curtia as mudanças, mas sofria com instabilidade. "Ah, meu Deus, e o que vai ser da minha velhice nessa vida errante, nessa profissão de comunicólogo mal-paga (quando era paga)". Aí, cai um raio (ou sobe um raio, vai saber...) que diz " Quem falou que você vai ficar velhinha, sua presunçosa?" Então a gente começa a pensar em tudo que deixou para fazer depois de ter a tão sonhada estabilidade, mas que nem saber de verdade porque deixou pra depois.

Esse "guest bus" me trouxe de volta a lembrança do sonho remoto que eu tinha de comprar um furgão e viajar a costa brasileira, sonho que foi por água abaixo, porque o Brasil é violento, as estradas são terríveis, tudo é exorbitantemente caro. Morando fora a gente vê que existem outras verdades, que muito do que parece longe da nossa realidade (para o bem ou para o mal) é possível até sem grandes esforços.

Em Portugal as estradas são fantásticas, adquirir um veículo é barato, os postos de gasolina têm ótimos serviços e os campings são super-bem-estruturados especialmente para esse tipo de aventureiro. Uma vez, passando em frente a um camping, vi uma família com seu furgão aberto, uma lona sendo feita de varanda e um churrasquinho. Sem bagunça, bem "a la europeia". "Que delícia!", pensei, "Ainda vou ter um desses!". Imagina, viajar a zona do euro na primavera-verão, vendo as paisagens mudarem, praias portuguesas, castelos franceses, vaquinhas holandesas...

Sabe o que essas imagens me fazem pensar? Quem chutou em "tudo que deixei de fazer" está errado! Mesmo com as milhares de limitações que a doença me trouxe, só penso em tudo que ainda posso fazer e que vou fazer correndo! Porque, mesmo pra quem acredita em outras vidas, essa trip é única e não estou dispensando nem o amendoinzinho que a cia aérea dá na classe econômica. Quero tudo de que tenho direito! E quero o quanto antes!

Para vocês deixo o desejo de que se desapeguem, que curtam a vida. Não vivam a vida como os outros esperam de vocês. Não desperdicem oportunidades. Corram atrás dos seus devaneios juvenis enquanto se sentem jovens. Arrisquem! Ousem! Vivam!

Feliz Natal! Feliz Ano Novo!
(antes do final do ano, entre uma aventura e outra - ui - ainda apareço por aqui, se der...)

Quimio eterna quimio

Segunda-feira tive mais uma sessão de quimio. Ando de saco cheio desse processo todo e enlouqueço ao pensar que minhas atuais perspectivas são de que isso seja eterno com intervalos de em média 3 meses a um ano! Imagina, 3 meses, mal termino de fazer os exames de reestadiamento e, pronto, toma quimio novamente! (obs: se for assim, não vou sair nunca do estágio probatório. Ah, é, pra quem ainda não sabe, no meio dessa confusão que se chama vida, passei para área administrativa da UERJ!)

Na minha última consulta, a médica disse que a gente terminaria esses 2 ciclos e faria os exames pra saber se continua nessa fórmula ou se usamos outra. Fiquei revoltada! Hein?! Como assim? E a minha pausa? E a minha vida?! "Calma, também pode ser que façamos uma pausa..." "Ok, então não me provoca a fúria, tá?", pensei. Ela me deixa super insegura com esses comentários. Todas as vezes que ela jogou esses verdes, ela sabia muito bem do que estava falando, mas não queria liberar a verdade antecipadamente pra mim.

Então meu mau humor ficou tão grande, fiquei tão revoltada com a possibilidade de continuar nesse tratamento sofrido, nesse pileque sem fim (e pior, sem "cachaça"), nessa fraqueza, zonzeira... que nem consegui falar tudo que precisava. A consulta ficou pela metade. Ela marcou o retorno e eu nem vi a data.

Quando finalmente eu vi a data -  3 de janeiro*! - não entendi nada. Será que a médica viajou completamente ou resolveu me dar uma trégua? Na dúvida, decidi conversar com ela. Parece que, em função dos feriados de final de ano, eles estão com dificuldade de agendamento. Eu no fundo acho que ela quis me dar uma pausa maior, porque minha imunidade está muito baixa. Do ciclo passado para esse também tive mais de uma semana de intervalo e, mesmo assim, meus leucócitos estavam no limite.

Bem, vou aproveitar para curtir essas férias merecidas e rezar pra haver um milagre, uma revolução científica, qualquer coisa que me deixe aproveitar a vida com um pouco mais de tranquilidade!

*3 de janeiro é a próxima consulta, mas antes disso volto ao hospital para mais uma sessão de quimio, a última do ano.

sábado, 17 de novembro de 2012

Paciente Ativo e Responsável

O médico tem o conhecimento científico, mas você continua sendo dono do seu corpo. Não se esqueça disso!!! (porque às vezes os profissionais de saúde se esquecem...)

Achei bem pertinentes as dicas do oncoguia. Seguem abaixo:
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/seja-um-par/156/173/

Ao adotar uma postura PAR: ATIVA E RESPONSÁVEL, você, paciente com câncer, estará assumindo a responsabilidade pelo seu tratamento e pela sua vida ou no mínimo, uma grande parcela disso.

Você perceberá o poder que tem nas mãos e não sabe e vai se dar conta de que disponibiliza de ferramentas muito importantes nesta sua batalha pela vida: a sua voz, a sua motivação e a sua luta!

Por que adotar uma postura PAR?

Estar mais informado.
Ter maior controle e participação nas escolhas e decisões.
Sentir-se mais seguro, confiante e preparado para enfrentar o tratamento e todas as decisões necessárias.
Saber lidar com as reais expectativas.
Ser o Defensor de si mesmo e da sua vida.
Exercer seu papel de Cidadão ativamente e com responsabilidade.

Como ser PAR?

Diante do diagnóstico do câncer: tenha calma e respire 
Não tem jeito, o câncer vai impactar a sua vida! E durante um tempo, você vai sentir como se um furacão ou um vendaval tivessem passado por você.

Tenha calma e respire! Tire um tempo pra você ... Se sentir vontade, chore. Neste momento, você vai se sentir mais frágil e inseguro. Isso tende a passar.

Antes de iniciar o seu tratamento, você pode esperar um pouco para evitar a tomada de alguma decisão precipitada. Saiba que os primeiros passos são fundamentais e podem interferir em todo o seu tratamento futuro.

Informe-se sobre todo o tratamento
É muito importante se informar sobre o seu diagnóstico e as opções de tratamento possíveis. Para isso, a melhor forma é conversando com o seu médico.

Converse e pergunte a ele sobre todas as opções de tratamento para o seu caso específico: o que é o melhor pra você! Proponha a ele uma parceria e se mantenha no comando da sua saúde.

Quanto mais você sabe, mais você se sentirá confiante. Eduque-se, não tenha medo da informação.

Peça a ele indicações de sites na internet confiáveis sobre o assunto.

Você e seu médico

     Numa primeira consulta:
Você deve contar ao médico sobre o seu histórico de doenças familiares, o médico deve examiná-lo e solicitar exames, de acordo com o seu caso.

Descreva outras doenças e medicamentos em uso e procure esclarecer dúvidas.

Caso você não se sinta seguro e confortável com as informações fornecidas por este médico, não hesite em procurar outro. É a sua vida que está em jogo e você precisa se sentir satisfeito com o médico que vai cuidar de sua saúde.

     Nas consultas intermediárias:

Prepare-se para a consulta! Anote efeitos colaterais dos medicamentos (quando começou, quanto tempo durou e o que foi feito para acabar com ele), anote suas dúvidas e aproveite o tempo da consulta para esclarecê-las.

Solicite um número de telefone para que você possa ligar em casos de urgência.

Seja responsável pelo seu tratamento 
É muito importante lembrar que você é responsável pelo seu tratamento, marcação de exames, agendamento de quimioterapia, enfim ...

Assuma a responsabilidade de marcar seus exames, consultas médicas e buscar os resultados. Não espere que façam isso por você.

Mas, saiba que você pode pedir ajuda e não precisa passar por tudo isso sozinho.

Tenha a sua cura como foco principal do tratamento
Não se sinta vítima do câncer e foque na sua saúde e na sua cura.

Procure deixar de lado sentimentos negativos para que você tenha força para enfrentar todas as etapas do tratamento em busca da sua cura.

Focalize toda a sua raiva, decepção e frustração no combate ao câncer.

Assuma uma postura de Esperança!

Defina as metas para este momento da sua vida 
Pare e reorganize suas prioridades.

Estabeleça metas com seu médico.

Estabeleça metas com sua família.

Estabeleça metas no trabalho.

Que tal refletir sobre a sua vida? Esse é um bom momento para planejar sua vida a curto, médio e longo prazo.

Estabeleça uma boa relação com a equipe de saúde que cuida de você 
Estabelecer uma boa comunicação com o seu médico e com a equipe que cuida do seu caso é essencial para um bom resultado no seu tratamento.

Converse e estabeleça em quais situações você deverá entrar em contato com eles.

Antes de toda consulta, é muito importante que você se prepare. Leve suas perguntas por escrito e, se desejar, peça que algum familiar lhe acompanhe para tomar nota.

Ao se tornar um paciente ativo na determinação do melhor para o seu caso, você se sentirá mais tranquilo, participativo e confiante diante do seu tratamento.

Documentos e relatórios médicos são essenciais: guarde todos
Recolha os relatórios e registros no momento das visitas a médicos ou outros profissionais de saúde, e mantenha tudo organizado. (Relatórios de patologia, cirurgias, biópsias, exames, testes e tratamentos).

Um fichário com divisórias de separação é uma maneira ideal para organizar todas as suas informações.

Leve esses registros para qualquer nova consulta, especialmente na qual você está recebendo uma segunda opinião.

Mantenha uma lista atualizada e legível de todos os seus medicamentos.

Você tem o direito de ter em mãos cópias dos registros médicos e do seu prontuário.

Se achar necessário, busque uma segunda opinião
Se por algum motivo você não se sentiu completamente satisfeito com o seu médico, saiba que você tem todo o direito de buscar uma segunda orientação.

Não hesite em dar este passo – o seu médico não ficará chateado se você optar por uma segunda opinião, e este é um direito seu.

Por que uma segunda opinião? Alguns motivos ...

Não estar confortável com o diagnóstico inicial e desejar uma confirmação.

Buscar um especialista / referência num determinado tipo de câncer.

Solicitação do convênio.

O fato de o câncer ser uma doença séria e em alguns casos incurável.
Não faça uso de tratamentos alternativos antes de conversar com o seu médico
Muitos pacientes insistem em fazer uso de tratamentos alternativos antes de consultar o médico.

O que esses pacientes não sabem é que, alguns dos tratamentos alternativos podem prejudicar o tratamento principal.

Converse com o seu médico e peça a opinião dele sobre o assunto.

Saiba quais são o seus direitos frente ao câncer 
Diante do tratamento do câncer é fundamental que você conheça quais são os seus direitos frente ao seu plano de saúde ou SUS.

Busque informações sobre os benefícios que você poderá ter frente ao Estado.

Se achar necessário consulte um advogado especialista em saúde para lhe orientar e ajudar.

Saiba como lutar pelos seus direitos 
Estar informado é o primeiro passo.

O passo seguinte é conhecer as estratégias e os caminhos para que os direitos realmente possam ser adquiridos.

O terceiro é ir à luta e saber como se defender e defender os seus direitos!

Um Cidadão Ativo e responsável conhece a respeito dos seus direitos e deveres.

Junte-se a algum grupo ou ONG de pacientes com câncer.

Cuide dos seus sentimentos
Compartilhe seus pensamentos e sentimentos com os seu amigos e familiares. Ao expressar seus sentimentos, todos podem ganhar.

Não se sinta frustrado se você não conseguir ser otimista/positivo o tempo todo. Altos e baixos são esperados. Se necessário, busque ajuda especializada.

Não esqueça de cuidar da relação estresse/doença e aprenda a manejar e reduzir o estresse.

Espiritualidade e fé: cultive 
Você sentirá um sentimento de tranquilidade e paz. E saiba que está cientificamente comprovado que a espiritualidade faz a diferença: fortalece os recursos individuais de enfrentamento, equilibra emocionalmente e aumenta a qualidade de vida.

Tenha Esperança
A esperança é um ingrediente vital para a sua vida neste momento.

É um estado emocional e mental que motiva você a sentir-se vivo. A esperança possibilita a manutenção da atitude positiva, fortalece suas habilidades e recursos para enfrentar a doença.

Tente manter uma vida normal
Manter as suas atividades de trabalho e lazer pode ajudá-lo a se sentir mais no controle e menos fora da realidade.

Você e os seus familiares devem conversar e ajustar a rotina diária do lar, caso seja necessário mantendo o seu estilo de vida o mais normal possível.

Tentar manter uma vida normal será muito importante pra você.

Desconecte-se do mundo do câncer: fale, pense e converse sobre outros assuntos.

Converse com quem está passando pelo mesmo que você 
Pacientes com câncer podem aprender muito um com o outro.

Uma boa maneira de fazer isso é conhecer pessoas que estão passando pelo mesmo que você.

Grupos de apoio proporcionam excelentes ambientes para a troca franca de informação entre os pacientes.

Redes Sociais e grupos na internet também propiciam esta troca de informações, apoio e suporte.

Junte-se à luta contra o câncer
Muitos pacientes de câncer relatam a importância de estarem envolvidos e defendendo a luta contra o câncer. Você pode se filiar a alguma instituição ou ONG tornando-se um voluntário para organização de eventos, levantando fundos, enfim, tornando-se um verdadeiro defensor da causa do câncer.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Receitinha Infalível



Quando as pessoas sabem que estamos com uma doença difícil como o câncer, todo mundo quer ajudar, mas de que maneira? A verdade é que além de dar amor, apoio e carinho (o que é vital!) não há muito o que fazer. Na maioria das vezes, as pessoas acham que um abraço forte é pouco (não é!) e insistem em passar aquela receita perfeita para tratar os efeitos colaterais da quimioterapia ou até o próprio câncer!

"Olha, pro intestino preso você tem que comer fibras, cereais. Ameixa seca é uma beleza!" "Eu também acho. Impossível comer mais fibra que eu, querida, você não está entendendo... A questão é que nem mesmo óleo vegetal está dando jeito!"

"Você tem que comer inhame. Inhame filtra o sangue, é ótimo! Eu curei um problema sério no estômago comendo inhame!" "Mas eu como sempre, adoro!" (De fato como, adoro e realmente é recomendado pelos médicos para recuperação durante a quimioterapia) "Não, mas você tem que comer cru, batido com leite!" Deus me livre, odeio leite! Já pensou o terror que não é essa gororoba?! Deve curar qualquer coisa, as células, vírus, bactérias, devem todos sair correndo...

Eu acredito bastante no poder da alimentação, nos chás, nos fitoterápicos; o problema é que todos os efeitos colaterais da quimioterapia são extremamente fortes, não é uma ameixinha que vai curar nossa constipação, infelizmente. 

Mas, como eu não sou melhor que ninguém, também vou deixar minha receita infalível! Que, pasmem, funcionou até durante a quimioterapia! Própolis! Própolis é um santo remédio.

Estou há mais de um ano em tratamento e, até então, não havia tido nem mesmo um resfriadinho. Outro dia, acordei com a garganta arranhando. Pronto, fiquei desesperada! Você pode estar pensando "Ah, desesperar por causa de uma leve laringite?! Que exagero!" E talvez você tenha razão, mas a vida depois do câncer não é a mesma. A gente se desespera com qualquer coisinha, tem medo de qualquer diagnóstico, treme pra fazer o exame mais bobo. Eu sabia que minha imunidade estava baixa, quase não pudera fazer quimioterapia por causa disto. Então, meus primeiros pensamento foram sobre no que poderia se tranformar aquele simples resfriadinho em um corpo sem defesas...

Como eu ia dizendo, acordei com a garganta arranhando, me desesperei, mas resolvi seguir uma antiga receita que sempre deu certo comigo: borrifar própolis na garganta várias vezes até melhorar. Uso sempre aquele spray de farmácia, mas o de própolis, sem mel, sem romã, só própolis e água. Ah, e uma ou duas vezes ao dia, tomo uma misturinha caseira, limão, mel e extrato de própolis (só cuidado com o estômago, que a mistura é forte). Pronto, dois dias depois, eu não tinha nem sinal de inflamação!

obs: Ninguém, especialmente quem está em tratamento quimioterápico, deve usar de qualquer medicamento, ainda que natural, sem orientação médica.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Utilidade Pública 7: Sintomas do Câncer de Mama


Fique alerta diante de qualquer um destes sinais apresentados a seguir. Eles podem ou não significar a presença de um câncer, por isso a importância de uma avaliação médica.

Mas, atenção: o câncer de mama em fase inicial, geralmente, não tem sintomas. Então,  não deixe de fazer seus exames regularmente!



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Utilidade Pública 6: Outubro Rosa

Esse é o mês de campanha para a prevenção ao câncer de mama. Vale lembrar que, se a doença for detectada em estágio inicial, a chance de cura chega a 90%.  Então não deixe de fazer seus exames! 

Hoje em dia, com os frequentes casos de câncer de mama em mulheres cada vez mais novas, acho falho que a mamografia seja indicada somente para mulheres acima de 40 anos (ou 35 no caso de câncer de mama na família). Infelizmente, isso ocorre principalmente porque o exame é caro e tanto SUS, quando os planos de saúde, preferem economizar na prevenção a evitar tratamentos onerosos (o que, além de cruel, é uma tremenda burrice, já que o tratamento é beeeemmm mais caro).

De qualquer forma, as mulheres que ainda não possuem indicação para mamografia, podem fazer o auto-exame (veja aqui) e devem ir ao médico e solicitar o exame clínico. Esse procedimento é parecido com o do auto-exame, mas ele é feito por um especialista capaz de detectar anomalias na mama, ou seja, mesmo fazendo o auto-exame, você deve ir ao médico fazer o exame-clínico. Mas, como o tumor só começa a ser sentido nesse tipo de exame, quando já está medindo um centímetro ou mais (e um tumor com esse tamanho já não está mais no primeiro estágio), converse com seu médico sobre a possibilidade de fazer a ultrassonografia mamária. São ações simples, rotineiras e que salvam vidas! 

Lembre-se também que, quando antes descoberto um câncer, melhor será a qualidade de vida do paciente!

Minha querida amiga Carol lembrou de mim ao ver essa foto e postou no FB. Adorei ;)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Visual quimioterápico

Não adianta, a mulher tem uma relação muito forte com seus cabelos e público masculino normalmente agradece.

Eu estava no hospital e ouvi uma história que adorei. Gostaria muito de organizar um livro com essas histórias. Quem sabe um dia.

Uma senhora que fez quimioterapia contou que, quando estava em tratamento os cabelos caíram, mas, como eu, ela não se abalou em ficar careca. Por outro lado, quando os cabelos começaram a nascer brancos, ela, que sempre os pintara, ficou bem pra baixo.

Então, sem titubiar, assim que os pelos tinham um tamanhinho considerável, se dirigiu ao salão e os tingiu.* Entrou satisfeita com a decisão, mas não pediu sua cor de sempre, resolveu por algo que achou mais condizente com a sua idade, uns reflexos cinzas.

Depois de alguns longos minutos, o cabelereiro tirou o papel alumínio do seu cabelo e... Rosa! Eles estavam rosa! Ela ficou em choque, mas não podia mexer, o cabelo com a química fica fraco e risco de perdê-lo, no mínimo porque sempre o risco de prejuízo ao couro cabeludo e a saúde.

Como uma mulher moderna, a vovó punk assumiu suas novas madeixas e seguiu sua vida. Foi ao shopping fazer compras, já esquecida do recente estrago no visual. Estrago? De dentro de uma loja de moda jovem, sai um vendedor alegre e saltitante "Madame, Madame! Adorei seu visual, super fashion!"

Hoje, a tinta já saiu. Ela fez um corte moderno e resolveu manter a cor natural da idade.

Com esse história, acabei me lembrando de um a vez que fui trabalhar, era assembleia de cineastas e contecia no Tempo Glauber. Enquanto eu esperava as pessoas chegarem, fiquei batendo um papo leve com uma senhorinha simpática (ninguém mais, ninguém menos que Dona Lúcia, mãe do Glauber Rocha). Senti que ela estava assim, meio inquieta com o meu visu. Eu havia parado a quimio fazia pouco tempo e o cabelo já começara a nascer, mas estava bem curtinho, parecia raspado e eu colocava uns brincões, aproveitando pra fazer um estilo.

Depois de trocarmos algumas frases sem maior importância, Dona Lúcia não se conteve e disse "É, agora está no moda, não é, cortar o cabelo assim curtinho..." Tão delicada, tadinha, falou de uma maneira muito sutil, mas eu notei que ela não gostou muito do meu visu radical. kkkkkk

Fiquei pensando o que dizer para um senhorinha, tão senhoria. O que realmente vale a pena saber nessa idade? Até onde poupar a pessoa da vida, afinal, ela continua viva. Resolvi por dizer "Na verdade, eu não cortei, eles caíram com um medicamento que tive que tomar, mas agora já está tudo bem!" Ela respondeu "Ah, é? Mas que bom que já está tudo bem, né?" (Bonitinha!) Melhor dessa forma, acredito que os idosos, ainda que por motivos diferentes, devem ser poupados de certos detalhes, assim como as crianças.

Nesse fim de semana comprei um arco muito bonitinho, assim, estilo menininha (não ando curtindo mais o estilo radical com o qual me diverti vestindo no início da quimio). Sabe que gostei?!


*obs: antes de pintar o cabelo, o paciente que fez quimioterapia deve procurar orientação médica, porque no corpo ainda se concentra parte da medicação, que pode trazer prejuízo à sua saúde, quando em contato com a tintura.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Já que ela disse...


Sabe quando alguém fala ou escreve exatamente o que você pensa e você tem a certeza de ambas sente a mesma coisa? Isso aconteceu comigo quando li o texto abaixo da Marcia Cabrita (blog genial!). Aliás, acontece com quase todos os texto que leio dela, esse em especial, porque já li várias vezes, em contextos diferentes, e sempre noto essa sintonia!


Ainda que a gente tenha reagido de maneira diferente às etapas da doença (aliás, doenças diferentes), sempre concordo com o ponto de vista dela. Temos pensamentos parecidos, nos incomodamos com as mesmas coisas.

Então, como acredito que o que está bem feito não precisa, nem deve ser refeito, segue abaixo o texto da Marcia Cabrita, originalmente publicado na Revista O Globo:




Eu fiquei gravemente doente. Ao contrário do que muitos fantasiam, não tirei de letra. Não sei o porquê, mas existe uma idéia estapafúrdia de que quem está com câncer tem que, pelo menos parecer herói. Nãnanina não! Quem recebe uma notícia dessas não consegue ter pensamentos belos. Bem... eu não conseguia. A cobrança de positividade acabou se tornando um problema. Me olhava no espelho branca, magrela e de cabelos curtinhos (antes de caírem) e me achava pronta para fazer figuração na Lista de Shindler. Achava que não tinha chance de sobreviver à cirurgia, só pessoas que não tinham maus pensamentos sobreviviam. Muitas vezes deixei de comprar coisas para mim porque tinha que deixar tudo para minha filha. Bem, se na minha cabeça era esse o pensamento que reinava ... Sem chance.

O mundo moderno é incrível. Tudo é maravilhoso, não existe sofrimento! As separações são sempre amigáveis e sem lágrimas, as mães não tem mais o direito de embarangar e ficar em casa lambendo a cria. Um mês depois estão lindas, magras, com barriga sarada! Os atores não ficam desempregados, estão sempre felizes com um convite que ainda não pode ser revelado! Quimioterapia é moleza! Vem cá, só eu que não moro na Disney?

Hoje percebo que precisei viver esse luto. Ele passou, apesar do medo fui confiante para o hospital. Mas outras angústias vieram. Sofri pelo que é “o de menos”, chorei pelos cabelos, pelas sobrancelhas, pelos cílios e pelo ... resto que vocês sabem. Chorei pelas dores , enjôos, injeções e tudo mais. Eu me dei esse direito. Eu me dei o direito de ser humana. A Mulher Maravilha mora na televisão, eu moro na Gávea mesmo. A Mulher Maravilha dá aquela giro e sai linda e poderosa correndo para salvar pessoas. Se eu fizesse a mesma coisa cairia estabacada com a careca no chão. Então meu giro foi bem devagarzinho segurando na mão de minha mãe, de minha irmã e de meus queridos amigos e familiares. Girei amparada por dr Eduardo Bandeira, por Virginia Portas, dr Celso Portela e todos enfermeiros e profissionais de medicina que foram simplesmente maravilhosos comigo. Girei rindo e chorando com centenas de comentários no meu blog onde eu virei praticamente uma conselheira oncológica. Girei brincando com minha filha que fez questão de ir para escola de lenço na cabeça “igual a mamãe porque é muito legal”. Girei para salvar a mim mesma.
Sinceramente, não acredito em uma seleção divina. Muitas pessoas bacanas e crianças morrem e isso não é nem um pouquinho justo. Acho um saco quando dizem “ Fulano perdeu a batalha contra o câncer” , “Fulana tem tanta vontade e alegria de viver que foi salva”ou “ O amor por meus filhos me salvou”. Me parece tremendamente injusto. Quer dizer que quem morre não amava a vida? O amor pelos filhos não era grande o suficiente? A fé foi pouca? Pensamento bem cruel, não é mesmo? E é uma coisa bem esquisita, isso só acontece com o câncer, a única doença tão estigmatizada. Ninguém diz que alguém perdeu a batalha para o enfarte, nem que amava tanto a vida que ficou bom da tuberculose.

Re-mis-são. Estou em remissão. Quem não apresenta mais sinais da doença pelo corpo não pode sair correndo gritando que está curada, então saio correndo e gritando que estou em remissão!!! Eba! Remissão é muito bom!!

Vi uma foto minha na internet com meus companheiros de Subversões Aloísio e Salem em que estou com um largo sorriso. Eu estava verdadeiramente feliz. Sem a pílula da felicidade, sem fingir meus sentimentos, sem bancar a maravilhosa. Era eu simplesmente feliz.

E agora ... chega desse assunto! Eu sou atriz e tô mais preocupada com o um convite que não pode ser revelado.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Autopiedade


Quando a gente acha que está ruim, basta olhar para o lado. Ser solidário a dor do outro é um exercício para curar as próprias feridas. Essa semana eu fiquei cheia de autopiedade, sofrendo com motivos (e muitos!), mas cheia de pena de mim mesma! 


Foi então que, agora à tarde, uma amiga postou no facebook, novamente, um pedido de ajuda para um menina. Ela tem leucemia e precisa da doação de plaquetas. A menina em questão tem uns 3 aninhos e é sobrinha de uma amiga minha. (não consegui descobrir a idade certa no blog, mas vou perguntar a Ju)

Fiquei pensando, se eu acho que sou nova e não vivi nada, e essa criança, um anjinho?!

Obrigada, Marinão, por me lembrar que já vivi bastante e que continuo viva. Por isso, vou sair mais alegre para aproveitar meu fim de semana. E não estarei triste pela pequena Luísa, porque sei que Deus, que tem ao seu lado os anjos, está ao lado dela e de sua família.

Bem, segue abaixo o link do blog da Lulu, agradeço a quem puder ajudar nas doações de plaquetas!



Local para doação: Hematologistas Associados, Rua Conde de Irajá, 183 de 8 às 16 horas durante a semana e de 8 às 12 horas aos sábados. Tel: 2537-7440. Informar que é para a paciente Luísa Burigo de Sá. O site disponibiliza os critérios para se tornar um doador.
www.hematologistas.com.br


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Amazonas palpáveis

No fim de semana, eu estava lendo o livro "De amor tecida", o relato de Licia Olivieri sobre sua batalha contra o câncer de mama. Em um dado momento do livro, a autora faz uma comparação entre mulheres com câncer de mama e as Amazonas, guerreiras da lenda grega, que amputavam os seios para manejar melhor o arco e as flechas, e enfrentavam, destemidas, os mais valentes soldados. 

Achei a comparação bem interessante, então fiz uma colagem de textos que encontrei na internet sobre a lenda:



As Amazonas eram guerreiras, donas de armas, cavalos e com uma estrutura social própria. Foram imortalizadas na maioria das lendas por sua coragem de luta quando enfrentavam os homens que tentavam submetê-las. Independentes, viviam em ilhas ou perto do mar e frequentemente recebiam visitas de aventureiros. Algumas engravidavam deles, mas ficavam somente com as filhas. Os filhos eram entregues ao pai.

Segundo a etimologia popular grega, a palavra Αμαζών, Amazôn, significaria "sem seio" (a-, "sem" + mazos,"seio"). As Amazonas mutilavam o seio direito para que manejassem melhor o arco e outras armas. Sacrificavam sua feminilidade para combater na luta pela independência e para fortalecer a deusa Ártemis de Éfeso.  Apesar disso, as amazonas geralmente aparecem com ambos os seios em toda a iconografia antiga, que freqüentemente também as representa vestidas à maneira dos citas.

O mito das Amazonas simbolizam as mulheres que ao longo do tempo lutam para derrubar preconceitos, não se rendendo à submissão e à violência masculina; que não aceitam o tradicional papel doméstico imposto à figura feminina e mais do que em todos os tempos, estão enganjadas contra a violência doméstica. 


As mulheres do mundo atual não guerreiam com armas e, quando mutilam os seios, é por causa da luta contra o câncer, defendendo a própria vida. São as guerreiras que não se entregam e resistem, enfrentando o mal do século.


obs: E, para quem não acredita em coincidências, também segundo a lenda grega, as Amazonas eram da Capadócia (atualmente, Turquia), na Ásia Menor. Salve Jorge! ;)

Textos retirados dos sguintes links:
http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Amazonas
http://eventosmitologiagrega.blogspot.com.br/2011/06/amazonas-as-mulheres-guerreiras.html

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Petição para aprovação do Pertuzumab

Queridos, estou enviando o texto do link abaixo, que se refere a uma petição apelando ao governo a liberação de um medicamento extremamente importante para pacientes com câncer de mama metástico. Quem ainda não assinou, por favor, ao menos entre no link para ver (e assine se concordar!!!). É muito rápido e pode ajudar muitas pessoas! (O link diz que precisamos de 2000 assinaturas, mas acho pouco! Podemos ser muitos mais!)



"Por que isto é importante

O tratamento com Pertuzumab, quando combinado com quimioterapia e Herceptin, tem melhores resultados e doentes em fase avançada de câncer de mama comparativamente à outras terapias e é a esperança do aumento de sobrevida com qualidade de milhares de brasileiras com câncer de mama metástico por sobre-exposição ao HER2 que já passaram por todas as linhas de tratamento existentes."

"Nossas compatriotas brasileiras portadoras do câncer de mama metástico por sobreexposição ao HER2, que já receberam todas as linhas de tratamento quimioterápico existentes, têm direito à uma sobrevida maior e com qualidade, por meio do acesso ao medicamento Pertuzumab, que encontra-se em processo de liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Considerando que estudos clínicos já foram concluídos demonstrando a eficácia do Pertuzumab, solicitamos a ANVISA que não prolongue o drama de nossas conpatriotas vítimas daquela doença. As brasileiras tem o mesmo direito a usufruir do novo medicamento como européias e norte-americanas. ANVISA, Não prolongue o drama de nossas compatriotas que precisam do Peruzumab. Libere já!"

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Tratamento duro de roer

Sabe o que acho mais difícil do tratamento de câncer? É você ter que se voluntariar para o sofrimento tendo a consciência de que isso é para o seu melhor.

Quando alguém quebra uma perna ou tem um crise renal, vai ao médico para se tratar e tem de imediato o alívio do sofrimento. A causa e a consequência seguem uma lógica dentro de um sistema compensatório. "Estou sofrendo, procuro o médico, alcanço a cura."

No tratamento de câncer de mama não! Você está aparentemente bem, porque o câncer de mama raramente gera algum desconforto. Depois de operada, sem o tumor, parece que está tudo certo. Não está. Mas seu corpo tem aspecto saudável, vigoroso. É então que o indivíduo começa uma romaria de horrores, perda de cabelo, queimadura, enjôos, vômito, prisão de ventre, fraqueza, mal estar... A lista é interminável.

Se manter lúcida, aceitar o tratamento e não se revoltar contra a ciência, que ainda sabe tão pouco sobre a essa doença é vital, mas, às vezes, é quase impossível!

Agora, terminei o tratamento que estava previsto e estou fazendo avaliação para ver se está tudo bem ou se será preciso continuar com a químio. Espero que esteja tudo ok, porque já estou louca pra voltar a vida normal. Se é que isso é possível...



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Utilidade pública 5: SUS para todos

Muitas pessoas têm planos de saúde, mas, no caso de doenças como câncer, acabam estourando o orçamento em função dos inúmeros medicamentos, exames e/ou procedimentos que o plano não cobre. É importante saber que todos, independente de condição financeira, temos direito ao tratamento e medicamentos pelo SUS. Leiam mais informações abaixo.

O direito ao acesso gratuito a medicamentos vale para todos ?

A Constituição Federal, atenta aos anseios da sociedade, deu abrigo aos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana. Nessa linha, conferiu ao Estado, por intermédio do Sistema Único de Saúde, o dever de garantir, a todos, o direito à saúde de forma integral e igualitária.
 
 
O SUS deve fornecer medicamentos gratuitos a todos independentemente da sua situação financeira?
 
Sim, desde que haja comprovada necessidade clínica do paciente e eficácia e segurança do medicamento.
 
 
Como comprovar a necessidade clínica?
 
A necessidade clínica do uso do medicamento pode ser comprovada a partir dos exames diagnósticos acompanhados de laudo e receituários médicos.
 
 
Como comprovar a eficácia e segurança do medicamento?
 
A eficácia do medicamento pode ser comprovada por meio de relatório médico, fundamentado na literatura médica, bem como pelo seu registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Vale dizer que a aprovação do medicamento pela Agência só ocorre após criteriosa avaliação, que, dentre outros critérios, considera a eficácia e segurança do produto. Os registros de medicamentos podem ser consultados no site da ANVISA.
 
 
O que fazer quando o SUS não fornece o medicamento?
 
Quando o SUS nega ou cria obstáculos para o fornecimento de medicamentos, deixa de cumprir um dever legal. Assim, as pessoas que entenderem ter o seu direito não respeitado podem questionar judicialmente o fornecimento dos medicamentos prescritos pelo médico.
 
 
É possível ajuizar ação judicial para garantia de fornecimento de medicamentos por meio do Sistema dos Juizados Especiais?
 
Os Juizados Especiais da Fazenda Pública, criados pela Lei nº 12.153/2009, são competentes para julgar ações contra os Estados e os Municípios até o limite de 60 salários mínimos. Entre as matérias que podem ser apreciadas pelos JEFP destacam-se aquelas relacionadas ao acesso às ações e serviços de saúde de responsabilidade do SUS. A lei diz que todos os Estados devem instalar os Juizados Especiais da Fazenda Pública até 25 de junho de 2012. Contudo, em muitos Estados, os JEFP já estão em funcionamento, a exemplo de São Paulo, Amazonas, Rondônia, Rio Grande do Norte, entre outros. O acesso aos Juizados é gratuito, e, quando o valor da causa for igual ou inferior a 20 salários mínimos, não é necessária a contratação de advogado. Confira a relação dos Juizados Especiais da Fazenda Pública já instalados no Brasil. Também é possível ajuizar essa ação na Justiça Comum por intermédio da Defensoria Pública Estadual, independente do valor da causa, ou por meio de advogado particular.
 
 
Observações:

• Recomendamos que o paciente, antes de ingressar com a ação judicial, protocole requerimento escrito na Secretaria Municipal da Saúde, solicitando, com base em relatório médico, os medicamentos dos quais necessita, conforme modelo a seguir. Se o pedido não for atendido, deve ter avaliada a possibilidade de recurso judicial.
• O Conselho Nacional de Justiça, órgão responsável pelo controle administrativo e aprimoramento do Poder Judiciário, tem recomendado aos juízes que evitem autorizar o fornecimento de medicamentos ainda não registrados na ANVISA, ou em fase experimental, salvo casos excepcionais.
 
 
Legislação

Constituição Federal, de 05/10/1988 - Constituição Federal.
 
 Lei 8.080, de 19/09/1990 - Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. 
 
Lei 8.142, de 28/12/1990 - Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
 
Portaria Ministério da Saúde nº 1.820, de 13/08/2009 - Dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde.
 
Recomendação CNJ nº 31, de 10/03/2010 – Recomenda aos Tribunais a adoção de medidas visando melhor subsidiar os magistrados e demais operadores do direito, para assegurar maior eficiência na solução das demandas judiciais envolvendo a assistência à saúde.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Utilidade Pública 4: Obrigações dos Planos de Saúde

Futuramente irei relatar algumas passagens da minha experiência pessoal com a rede pública de saúde e também com a privada. No momento, deixo informações importantes. Divulguem!

Obrigações do Plano de Saúde

Quais são os tipos de planos de saúde?
Ambulatorial: garante cobertura ambulatorial, sem direito a internação hospitalar e procedimentos que, embora não necessitem de internação, careçam de apoio de estrutura hospitalar por período superior a doze horas ou de serviços como recuperação pós-anestésica, UTI, CTI e similares.
Hospitalar: não cobre consultas e exames realizados fora do ambiente hospitalar. Se o plano hospitalar tiver cobertura de obstetrícia, fica garantido atendimento pré-natal e parto, observado o prazo de carência. O recém-nascido pode ser inscrito no plano como dependente, isento de carência, mas, para tanto, sua inscrição deve ocorrer até 30 dias após o nascimento.
Hospitalar e Ambulatorial: combina a cobertura ambulatorial e hospitalar.

As operadoras de planos de saúde são obrigadas a comercializar um plano que combine cobertura ambulatorial e hospitalar, inclusive com obstetrícia?
Sim. É o chamado Plano Referência.

O que se entende por plano antigo?
Os planos antigos são aqueles cuja assinatura do contrato ocorreu até 1º de janeiro de 1999 e que não foram adaptados às regras da Lei dos Planos de Saúde. Esses contratos não estão sujeitos à regulação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), nem aos termos da Lei dos Planos de Saúde e, em tese, podem prever diversas exclusões e limitações no atendimento. É comum que esses contratos não cubram procedimentos relacionados a doenças crônicas ou infecciosas, como AIDS, Câncer, Diabetes, Doenças do Coração, entre outras. Contudo, apesar de não se sujeitarem à lei específica dos Planos de Saúde, os contratos antigos devem seguir as regras do Código de Defesa do Consumidor, que considera abusiva, e, portanto nula, toda e qualquer cláusula que fuja da assistência integral à saúde do usuário, que é a própria essência do contrato do plano de saúde. Há inúmeras decisões judiciais nesse sentido.

O que se entende por plano novo?
O plano novo é aquele cuja assinatura do contrato ocorreu a partir do dia 2 de janeiro de 1999. Também ficam sujeitos às regras dos planos novos aqueles contratos firmados até 1º de janeiro de 1999, mas que, posteriormente, vieram a ser adaptados para novas coberturas. Esses planos são fiscalizados e se submetem às normas da ANS, bem como aos dispositivos da Lei dos Planos de Saúde e do Código de Defesa do Consumidor. Nos contratos novos, os planos estão obrigados a cobrir todas as doenças listadas na CID (Classificação Internacional de Doenças), da Organização Mundial de Saúde. Ainda assim, há diversos abusos e limitações de atendimento ao paciente, situação que pode ser revertida por meio de questionamentos judiciais.

O que é doença preexistente?
Doença preexistente é aquela que o beneficiário do plano de saúde já tinha conhecimento quando da assinatura do contrato.

O Plano de Saúde pode limitar a cobertura de doenças preexistentes?
Nos contratos antigos é muito comum o plano se recusar a cobrir despesas relativas a doenças preexistentes, prática que tem sido condenada pelo Judiciário. Nos contratos novos, a Lei admite que os Planos estabeleçam um período de carência não superior a dois anos para cobertura de procedimentos relacionados à doença preexistente. Após esse período, o beneficiário passa a gozar de cobertura integral.

Os planos de saúde podem limitar o tempo de internação do paciente?Não. É vedado o estabelecimento de prazo de internação hospitalar, seja em apartamento ou em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Os planos de saúde podem se recusar a cobrir despesas com tratamento oncológico ambulatorial e hospitalar, tais como quimioterapia, radioterapia e procedimento cirúrgico?
Não. O plano é obrigado a cobrir as despesas com tratamento oncológico, observadas as condições e cobertura do tipo de plano contratado (ambulatorial/hospitalar).

É obrigatória a cobertura de quimioterapia oral, realizada fora do ambiente hospitalar?
Os planos de saúde normalmente consideram a quimioterapia oral como um tratamento medicamentoso de administração em domicílio, e, com base nisso, negam a cobertura do procedimento. No entanto, os Tribunais têm firmado entendimento no sentido de que os planos de saúde não podem se recusar a custear tratamento oncológico, em especial quimioterapia, ainda que realizada em caráter domiciliar.

É obrigatória a cobertura da cirurgia plástica reconstrutiva da mama decorrente do tratamento de câncer?
Sim. A lei exige a cobertura da cirurgia de reconstrução mamária para os contratos celebrados a partir de 2 de janeiro de 1999. Há decisões dos Tribunais garantindo tal cobertura mesmo em planos antigos.

Internação domiciliar tem cobertura obrigatória?
A partir de 7 de junho de 2010, os planos novos, por determinação da ANS, podem (caso seja conveniente ao plano e ao beneficiário) substituir a internação hospitalar pela internação domiciliar. Se optar pela substituição da internação para o ambiente domiciliar, o plano deverá cobrir todos os procedimentos diagnósticos e terapêuticos aos quais o paciente teria direito se estivesse internado no hospital. Nos casos em que a assistência domiciliar não se dê em substituição à internação hospitalar, esta deverá obedecer à previsão contratual ou à negociação entre as partes. Independente das normas estabelecidas pela ANS, há inúmeras decisões judiciais determinando a cobertura do atendimento domiciliar, mesmo nos contratos antigos, desde que haja indicação médica.

Exames mais modernos como a mamografia digital, mamotomia e PET/CT devem ser cobertos pelo plano de saúde?
A ANS determina a cobertura obrigatória da mamografia digital para mulheres com idade inferior a 50 anos, com mamas densas e em fase pré ou peri-menopáusica, e a mamotomia (biópsia percutânea a vácuo guiada por mamografia ou ultrassonografia). A cobertura do PET/CT é obrigatória, segundo normas da ANS, para casos de linfoma e câncer pulmonar, mas inúmeras decisões judiciais têm determinado que o plano proceda à cobertura do PET/CT mesmo em situações não previstas pela ANS, desde que devidamente justificada pelo assistente médico.

Os planos de saúde devem cobrir transplantes de medula óssea para tratamento de câncer?
Sim. É obrigatória a cobertura de transplante de medula óssea, tanto o autólogo (em que se utiliza a medula do próprio paciente) como o alogênico (em que se utiliza a medula proveniente de outra pessoa). O transplante de medula óssea é muitas vezes indicado para tratamento de leucemia e linfoma.

O plano de saúde deve cobrir atendimentos de terapia ocupacional, fonoaudiologia, nutrição e psicoterapia?
A partir de 7 de junho de 2010, o número de sessões cuja cobertura é obrigatória obedece o seguinte limite: Psicoterapia (40 sessões/ano); Fonoaudiologia (24 sessões/ano); Nutrição (12 sessões/ano); Terapia Ocupacional (12 sessões/ano). Se o paciente precisar de um número maior de atendimentos, deve solicitar um relatório detalhado ao seu médico enfatizando a necessidade das sessões adicionais. Se, mesmo apresentando o relatório médico, o plano negar a cobertura ao paciente, este pode questionar judicialmente.

O que deve ser feito quando a operadora do plano de saúde se recusa a cobrir um procedimento indicado pelo médico?
Inicialmente, recomendamos seja feita uma denúncia à ANS, órgão responsável pela fiscalização e controle das operadoras de planos de saúde. A partir de novembro de 2010, a ANS passará a exigir das operadoras resposta às queixas dos pacientes no prazo máximo de 5 dias. Caso não haja resposta, a ANS abrirá processo administrativo para verificar a ocorrência de infração por parte da operadora, o mesmo podendo ocorrer em caso de resposta negando a cobertura. Não sendo solucionado o problema, o paciente que se sentir injustiçado ainda tem a possibilidade de reivindicar na justiça a cobertura do procedimento. As denúncias à ANS podem ser feitas pelo telefone 0800-7019656 (ligações gratuitas), pela Internet ou por carta, para o endereço: Rua Augusto Severo, 84 - Glória, Rio de Janeiro - RJ - CEP 20021-040.

É possível ajuizar ação judicial contra as operadoras de planos de saúde por meio do Sistema dos Juizados Especiais?
Os Juizados Especiais Cíveis são competentes para julgar ações contra as operadoras de planos de saúde quando o valor da causa não é superior a 40 salários mínimos. O acesso aos Juizados é gratuito, e, quando o valor da causa for igual ou inferior a 20 salários mínimos, não é necessária a contratação de advogado. Confira a relação dos Juizados Especiais Cíveis instalados no Brasil. Também é possível ajuizar essa ação por intermédio da Defensoria Pública Estadual, independente do valor da causa, ou com suporte de um advogado particular.
Há entendimentos no sentido de que, nas ações contra planos de saúde, o valor da causa corresponde ao equivalente a 12 vezes o valor dos prêmios mensais. Assim, em muitos casos, ainda que o valor do procedimento médico supere o limite de 20 salários mínimos, o paciente pode beneficiar-se desse entendimento para ajuizar ações nos Juizados Especiais Cíveis sem a necessidade de contratar advogado. Nesse caso, recomendamos apresentar os 12 últimos comprovantes de pagamento das mensalidades do plano de saúde.
Observação: 
A ANS reavalia, periodicamente, o rol de procedimentos de cobertura obrigatória. Nessa fase, a sociedade tem a oportunidade de opinar a respeito por meio de consultas públicas.
Legislação
Lei 9.656, de 03/06/2008 - Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde.
Resolução Normativa/ANS nº 211, de 11/01/2010 - Atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que constitui a referência básica para cobertura assistencial mínima nos planos privados de assistência à saúde, contratados a partir de 1º de janeiro de 1999, fixa as diretrizes de atenção à saúde.
Resolução Normativa/ANS nº 226, de 05/08/2010 - Institui o procedimento de Notificação de Investigação Preliminar – NIP.