quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Câncer de mama x aumento de peso

Eu tive esse problema e vc?

Estudo mostra alta taxa de sobrepeso em pacientes com câncer de mama

Por outro lado, desnutrição foi um problema frequente em pessoas com câncer do trato gastrointestinal.
 
Agência Notisa – Os efeitos colaterais decorrentes do tratamento do câncer podem afetar significativamente tanto o estado nutricional quanto a qualidade de vida do paciente. No estudo “Estado nutricional e qualidade de vida de pacientes em tratamento quimioterápico”, publicado na Revista Brasileira de Cancerologia, do Instituto Nacional de Câncer, verificou-se alta prevalência de pacientes que apresentavam pelo menos um sintoma relacionado ao tratamento.

Náuseas e disgeusia (alteração de paladar) foram os dois sintomas mais relatados, informam os autores da Universidade Federal do Pará. Eles verificaram, por meio do IMC, que metade dos pacientes avaliados apresentava eutrofia (ação normal das funções nutritivas). Entretanto, a taxa de sobrepeso foi elevada (38,3%), sendo a maior frequência observada em pacientes portadoras de câncer de mama.

Os autores explicam que apesar dessa relação (câncer de mama X sobrepeso) ainda não estar totalmente esclarecida, ela pode ser associada tanto à ingestão alimentar inadequada, ao decréscimo de atividade física influenciado pela própria doença, à alteração da taxa metabólica basal ou menopausa quanto ao tipo de protocolo quimioterápico utilizado, que pode afetar diretamente a composição corporal dessas pacientes, uma vez que algumas medicações utilizadas em conjunto, como os glicocorticóides e terapia hormonal, promovem retenção hídrica e aumento de gordura corporal.

Também foi verificada a presença de desnutrição, principalmente, nos portadores de câncer do trato gastrointestinal (27,3%). “A desnutrição é muito comum em pacientes que apresentam câncer no trato digestivo, principalmente devido à baixa ingestão alimentar decorrente da sintomatologia e da presença do tumor, frequentemente, de caráter obstrutivo, que, além de prejudicar a absorção adequada do que é ingerido, impede a ingestão de alimentos em consistência sólida, que confere maior aporte calórico, se comparados a alimentos líquido-pastosos, melhor tolerados por esses pacientes na maioria dos casos, quando ainda conseguem se alimentar por via oral”, explica a equipe na publicação.

Para ler o artigo na íntegra, acesse: 
 
Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Machucados, linfonodos e linfedemas

Eu moro perto do Batalhão da PM de Nova Friburgo (Isso mesmo, a cidade só tem um batalhão! Aliás, esse batalhão serve a não sei quantas outras cidades vizinhas... kkkk Um dia me acostumo... kkkk). Hoje, indo para o trabalho, me distraí com os soldados correndo e cantando aquelas musiquinhas (acho muito engraçado!), acabei tropeçando e levei um tombo horroroso! (vai, caçoa dos outros, que Deus castiga!)

A queda foi feia (vergonha! na frente do batalhão inteiro!!!), mas o estrago foi pequeno. O problema é que ralei a mão, e, como sempre acontece nessas ocasiões, machuquei exatamente o lado esquerdo, o operado. Para quem não sabe, durante a mastectomia pode ser feita retirada parcial ou total dos linfonodos (mais explicações abaixo). No meu caso, foram retirados somente os linfonodos sentinelas, mesmo assim os médicos me orientaram a tomar muito cuidado com o  braço esquerdo, para evitar o linfedema (inchaço do braço).

Na hora fiquei tão nervosa com a minha mão sangrando que nem aproveitei a paisagem daquele PM gatéeeerrimo que veio correndo me ajudar. Por que fui me preocupar tanto com a mão? Bem, que podia ter fingido uma torção no pé e pedido um colinho! (kkkk ok, maridão, ignore essa passagem kkk) Mas eu só conseguia pensar em como evitar um linfedema. Linfedema, não! Linfedema, não!

Fui até a farmácia mais próxima, fiz um curativo e liguei para minha amiga médica para confirmar se deveria fazer mais alguma coisa. Não, era só isso mesmo, manter o machucado limpo, protegido e observar se está cicatrizando normalmente.

Quer entender melhor o que são e como funcionam os linfonodos? Leia abaixo!


     
Os linfonodos ou gânglios linfáticos são pequenos órgãos compostos por tecido linfóide que se encontram espalhados pelo corpo, sempre no trajeto de vasos linfáticos.  Os linfonodos atuam como filtro da linfa, antes da mesma retornar ao sangue, cada grupamento linfonodal é responsável pela drenagem de determinada parte do corpo, um exemplo são os linfonodos axilares que recebem tanto a linfa da mama como do braço.

Os linfonodos atuam como filtro da linfa. Quando algum microorganismo invade o corpo, ele é detectado ao passar por um linfonodo e começa haver multiplicação das células de defesa (linfócitos).

Alguns tipos de cânceres têm como sua principal via de disseminação pelo corpo o sistema linfático, o câncer de mama é um desses exemplos. (Quando há comprometimento de um linfonodo por câncer ele também pode aumentar de tamanho.) O comprometimento dos linfonodos axilares é um dos principais indicadores da evolução da doença, logo a sua retirada e avaliação pelo patologista orientam o mastologista quanto à necessidade de outros tratamentos, como quimioterapia ou radioterapia, e também quanto a necessidade da retirada total dos linfonodos (em caso de comprometimento pelo câncer).

Durante a cirurgia, com a paciente ainda anestesiada, é realizada a biópsia de congelação (uma técnica de biópsia mais rápida, já que a paciente está anestesiada). Se o linfonodo estiver negativo, não se realiza o esvaziamento axilar.

Após a retirada dos linfonodos, as pacientes devem ter alguns cuidados (listados abaixo), a fim de evitar complicações. A complicação mais desconfortável para a paciente decorrente do esvaziamento axilar é o linfedema. Esse se manifesta com aumento do volume do braço (inchaço) e também pode ocorrer em diversos graus, desde alterações reversíveis e discretas até grandes inchaços com comprometimento da função do membro acometido.



quarta-feira, 31 de julho de 2013

E a careca da Nicole?

Há semanas venho pensando se escrevo ou não sobre a personagem Nicole (Mariana Ruy Barbosa), da novela Amor à Vida. Acabei tendo certeza de que precisava ao menos colocar minha indignação para fora, dada a forma como o autor Walcyr Carrasco vem tratando do assunto. A personagem cresceu nos últimos capítulos, tem mais falas e mais destaque na trama, entretanto continua tão rasa como quando começou.

Para quem não acompanha a novela, Nicole sofre de um câncer terminal (que eu não consegui descobrir qual é vendo a novela, precisei fazer uma pesquisa na internet para informar vocês), um linfoma. O problema é que só se fala do cabelo (e do dinheiro) da moça. Por mais que as pessoas sofram com a perda do cabelo durante a quimioterapia, muita outras coisas estão em jogo: a doença em si, como e porque se desenvolve, como se prevenir, como é realmente o tratamento, efeitos colaterais, reações emocionais... Quem tem câncer ou convive com alguém que tenha entra em universo paralelo totalmente desconhecido para os leigos e é um absurdo que o assunto seja tratado de maneira tão reducionista.



Bem, se Walcyr Carrasco queria tanto colocar os lindos cabelos de Mariana Ruy Barbosa em foco, que fizesse isso ao menos de maneira mais humana e realista.

1- Os cabelos caem muito, muito, de maneira que é inevitável cortar as madeixas, não é bem uma questão de escolha, é praticamente necessário. Eu demorei a raspar os meus e o couro cabeludo chegou a doer.

2- A cama fica coberta de cabelo, a roupa fica cheia de fios, se você passar a mão pelos cabelos com certeza vai ficar com eles nas mãos.

3- Então, é impossível fazer tranças, coques, etc. (Já a personagem apareceu com vários penteados para disfarçar as falhas, o que na vida real seria impossível, simplesmente porque ela ficaria careca!)

4- Tá bom ou quer mais? Que tal unhas quebradiças, inchaço, vômitos, prisão de ventre... Um pouquinho de verossimilhança não faria mal, não é mesmo?

Qualquer que fosse a escolha do enfoque a ser dado, uma vez tratado com o cuidado que o tema merece, o autor estaria prestando um serviço aos telespectadores. Da maneira como está sendo feito, é um desfavor à população e um desrespeito aos que têm a doença!

terça-feira, 16 de julho de 2013

De volta à vida

Parece que finalmente a tormenta passou! A quimioterapia acabou, a cirurgia de reconstrução foi um sucesso, retornei ao trabalho (quero dizer, comecei de fato) e me instalei com o maridão em um apzinho liiiiindooooooo!

As coisas estão indo tão bem que até consegui me controlar durante a cintilografia óssea! kkkkk Pra quem não sabe, a cintilografia exige que o paciente fique imóvel enquanto o aparelho faz uma varredura por todo o corpo e isso dura hoooooras! (horas emocionais, claro, porque na verdade são apenas alguns minutos). Eu tenho uma certa claustrofobia com aquele aparelho e tento me controlar, mas sempre acabo dando um chilique de pelancas. Choro compulsivamente, entro em desespero, grito para me soltarem (eles amarram nossos braços), um horror! Mas dessa vez foi diferente! Fiz o exame de primeira, fiquei tensa, angustiada, mas consegui me controlar direitinho!

Ah, o mais importante: o resultado do exame foi bem satisfatório! Menos dois pontos. E, ao contrário do trivial, na cintilografia, quanto menos pontos, melhor! No exame que detectou a doença óssea, foram registrados 7 pontos de metástase; no segundo,  5 pontos; e agora 3 pontos!

Minha onco disse que eu estou ótima e que as perspectivas são as melhores possíveis. Hoje eu me trato com o famoso tamoxifeno e tenho reagido muito bem a ele!

sábado, 13 de abril de 2013

Reconstrução - mais uma etapa de sucesso!

Queridos,

completei duas semanas de operada. A cirurgia de reconstrução foi um sucesso e corre tudo bem! Tive uma febrinha, o que deixou algumas pessoas preocupadas. A febre foi causada por uma pequena inflamação na mama esquerda, coisa à toa! Agora já está tudo perfeito, tenho até que me controlar para não me esforçar demais e prejudicar a recuperação. Segunda-feira tiro os pontos, ansiedade no auge!!!

Ah, não posso deixar de contar pra vocês, que a pessoa louca aqui esqueceu de levar os exames no dia da cirurgia! Eu levei os exames para 2 consultas com os plásticos, o chefe e o residente viram, anotaram, mas disseram que seria necessário que eu levasse para cirurgia mesmo assim. Depois de mostrar os exames para mais uns não sei quantos médicos, acabei tirando-os da bolsa e me esquecendo totalmente desse "detalhe irrelevante".

Já no centro cirúrgico de camisola e toquinha, o Dr. Rodolfo, do seu jeito sempre gentil, me deu a notícia de que, se a anestesista não aceitasse participar da cirurgia sem ver os exames, minha operação teria que ser remarcada. Hein? Surtei! Como assim? Quer matar o ser humano do coração?!

Eu disse que achava que a oncologista tinha anotado tudo no prontuário e que eles também  poderiam puxar os dados do exame de sangue no sistema. Ele alertou para o fato de que o risco cirúrgico não fica no sistema. Aí, me lembrei de que havia deixado o exame de sangue em casa, mas estava com o risco cirúrgico no leito junto a outros documentos. A anestesista, uma querida, que estava a ponto de aceitar fazer a operação sem ver os exames, já que o plástico garantiu que havia visto e estava tudo bem, ficou ainda mais tranquila com a chegada do exame cardiológico.

Ufa. Que susto. Passei por essa.

Bem, depois disso a anestesista veio conversar comigo, como é de praxe. Ela me fez algumas perguntas e disse que me daria um raqui. Não vou negar que fiquei com medo. Sempre tive pavor da anestesia geral, mas, depois de passar por duas, já estava convencida de que não teria problemas. Então, quando ela me apresentou essa novidade, bateu aquela insegurança: Será que vai doer? Será que vai ter efeito colateral? Não seria melhor a anestesia geral?

A anestesista, mesmo sem que eu dissesse nada, notou meu nervosismo e disse que traria seu "coração" para eu apertar. Minutos depois ela apareceu com com uma daquelas "bolinhas terapêuticas" em formato de coração. Então, até adormecer fiquei massacrando o coração da anestesista.

Muito bom estar sob o cuidado de profissionais tão atenciosos!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Ficando pop ;*)

Como prometido, segue a minha entrevista para o Oncoguia!
Entrevista retirada do link: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cancer-de-mama-cristiane-chagas/3022/304/


Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Cristiane Chagas - Meu nome é Cristiane Chagas, eu tenho 33 anos, desconfiei que tinha um nódulo aos 30, fui diagnosticada com um câncer de mama aos 31 e com metástases ósseas aos 32. Tenho pais e marido que me apoiam muito. Não tenho filhos.

Instituto Oncoguia - Como você descobriu que estava com câncer de mama?

Cristiane Chagas - No autoexame. Coma já tinha tido alguns nódulos na mama e nunca era nada sério, não fiquei muito preocupada quando apalpei o câncer, mesmo assim fui ao médico porque estranhei o tamanho e a textura do nódulo.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Cristiane Chagas - Arrasada pela notícia, arrasada por ver o estado da minha mãe (que perdeu os pais com câncer). Impossível dar nome aos meus sentimentos, nem sei o que senti, foi um choque! Eu estava confiante, não acreditava nesse diagnóstico. De repente o chão se abriu debaixo de mim.

Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação neste momento?

Cristiane Chagas - Tanta coisa passa pela cabeça da gente que eu teria uma lista. Mas numa ordem cronológica, acho que de imediato tive uma preocupação com o emocional dos meus pais, logo em seguida quis muito saber se ainda poderia engravidar e, quando comecei a fazer os exames, fiquei ansiosa com o resultado em especial da cintilografia óssea para saber se estava com metástases, meu grande medo.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Cristiane Chagas - Depois disso era tentar controlar o emocional e focar na cirurgia e tratamento. Foi assim que aconteceu. Passei a frequentar com a minha família o grupo de apoio às pacientes com câncer de mama, o que nos ajudou muito a lidar com essa nossa realidade.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Cristiane Chagas - Operei, fiz quimioterapia e radioterapia. Pedi para a médica para fazer a radio entre as "vermelhas” e as "brancas” porque a última aplicação da "vermelha” tinha me deixado muito mal e eu nem conseguia chegar perto da sala da quimioterapia sem sentir náuseas. Ela autorizou. Quando estava terminando as "brancas”, comecei a sentir uma dor que se tornou insuportável e descobri que estava com metástases ósseas.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Cristiane Chagas - Sem dúvida a quimioterapia, eu tinha muito medo de ficar queimada com a rádio, mas tomei bastante cuidado e achei o resultado bem positivo. Já a quimio vai te enfraquecendo aos poucos (quando não faz isso de uma vez só), no início eu me sentia muito bem, levava a minha vida normalmente, depois fui ficando muito debilitada, uma sensação horrível de estar definhando.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Cristiane Chagas - Claro, mas, ao contrário da maioria, não achei a perda de cabelo um grande drama, curti as etapas de crescimento do cabelo, inclusive a careca, numa boa, mesmo sentindo falta do meu cabelão de antes. O mais difícil para mim foi quando comecei a ficar debilitada (ou por causada quimio ou por causada das metástases) e não conseguia desenvolver minhas atividades diárias como antes. Não poder caminhar para mim, que sempre fiz tudo andando, era uma grande martírio.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Cristiane Chagas - Foi boa, mas eu sempre queria saber mais detalhes e ele não queria me dar muitas explicações, aquilo me deixava angustiada. Isso se tornou mesmo um problema insuportável quando recebi a notícias das metástases ósseas. Fiquei desesperada, apavorada e precisei buscar explicação com outros médicos. Por último acabei trocando de oncologista, porque achei que um profissional que conversasse comigo, que entendesse minha necessidade de saber os detalhes da doença e do tratamento, me deixaria mais estável emocionalmente, o que tem total interferência no resultado do tratamento.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Cristiane Chagas - Nossa, com vários! O câncer é uma doença que precisa realmente de uma equipe multidisciplinar e fiz questão do apoio de todos eles! Mastologista, oncologista, cirurgião plástico, assistente social, advogado, enfermeiros, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo… Quase todos eles lá mesmo no Hospital da Lagoa.

Só não senti necessidade de nutricionista, como não tive problemas com os meus exames durante o tratamento e como minha alimentação sempre foi balanceada, não fiz questão de procurar algum nutricionista, mesmo assim, recebi orientações da equipe de enfermagem nessa área, incluindo cartilhas.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Cristiane Chagas - Sim, e fez toda a diferença! Minha psicóloga é ótima e além de me apoiar no lado emocional, me auxilia também em questões práticas, como, por exemplo, indicando profissionais de sua confiança, com experiência com pacientes com câncer de mama e muitos atenciosos, características que julgo muito importante para quem está passando pelo tratamento de um câncer.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Cristiane Chagas - No momento estou fazendo hormonioterapia (oral) e me preparando para minha reconstrução.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Cristiane Chagas - Hoje estou ansiosa para fazer a reconstrução e retomar a minha vida. Voltar a trabalhar…

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Cristiane Chagas - Antes do diagnóstico do câncer de mama eu havia passado em um concurso público, durante o tratamento fui convocada e aprovada. Tomei posse, mas precisei tirar licença. Estou louca para começar a trabalhar!

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Cristiane Chagas - Diga sim! Aceite sua nova condição, aceite seu tratamento, aceite a ajuda das pessoas que te amam. Chore quando tiver vontade e sorria sempre que puder. Negar é comum (e compreensível) nessas horas, mas não ajuda em nada.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Cristiane Chagas - Toda! Informação é tudo, não é a toa que a mídia é conhecida como o 4º poder. A informação é uma arma para aprendermos a lidar com nosso corpo, com a doença, com os efeitos colaterais, para brigar contra as deficiências do sistema público ou privado de saúde, para buscarmos o cumprimento dos nossos direitos.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?De que maneira?

Cristiane Chagas - Na internet, no site do Oncoguia, em estudos do Inca. Mas, quando entendi que o tratamento do câncer tem que ser individualizado, que cada um tem um tratamento (mesmo existindo um protocolo básico) e que cada um reage de uma maneira, fui buscar médicos que pudessem responder minhas questões com base nos meus exames.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Cristiane Chagas - Através do selo "amigo do oncoguia” em blogs de mulheres com câncer de mama.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Cristiane Chagas - Cada vez mais admiro o trabalho do Oncoguia! Acho que mais ações dentro de hospitais – públicos em especial – poderiam informar e mobilizar os pacientes em relação aos seus direitos e deveres.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Vaidosa sempre!

3 meses sem quimioterapia, 7 quilos mais magra (e/ou menos inchada) e a espera da cirurgia de reconstrução! 

Desde que eu terminei a quimioterapia em janeiro, estou brigando com a minha imagem no espelho. Inchada, gorda, branca, cheia de celulite, enjoada do meu cabelo curto (que resolveu crescer pra cima kkk) e do meu bronzeado from Finlândia, cansei de me sentir feia e decidi fechar a boca! Ah, peguei um solzinho também.

O resultado veio logo e vocês podem notar nas fotos abaixo.

*Essas fotos não são exemplares porque tem uma luz 
amarela que não favorece na "depois" e porque hoje já estou 
mais magra. De qualquer forma, dá pra ter uma boa noção do contraste. 

Ao contrário do que as pessoas pensam e pregam, eu nunca consegui focar exclusivamente na minha cura, pensar que o tratamento estava tão alto num pedestal que as outras coisas da vida passavam a ser insignificantes. "Agora você tem que se preocupar com a sua saúde!", "Uma coisa de cada vez!" Eu sei que o tratamento tem total prioridade, mas continuei sendo vaidosa. Continuo achando péssimo ter celulite, estar acima do do peso. Fiquei super incomodada com o surgimento de novas microvarizes e por aí vai. Mas também aprendi a ser mais tolerante com as imperfeições, acho até que vou sofre menos quando eu começar a sentir o peso da idade (porque ela vai chegar, né?! espero que sim...).

Bem, com o fim da quimioterapia já posso retomar minha rotina de vaidade: cutilar as unhas dos pés (já que a das mãos não poderei mesmo voltar a fazer), esclerosar as micro varizes (liberada!), fazer dieta (antes, mesmo se eu fizesse, não adiantava nada por causa da cortisona) e... tan, tan, tan, tannnnn! fazer minha reconstrução que foi adiada, mas está confirmadíiiiiiiiiisima para o próximo dia 28!

sexta-feira, 15 de março de 2013

Questões oncológicas em debate

Ontem estive no II Fórum Regional de Discussão de Políticas de Saúde em Oncologia, organizado pelo Instituto Oncoguia. Foi uma experiência muito satisfatória. É ótimo ver que existe um grupo de pessoas -  especialistas, profissionais da área médica, jurídica, administrativa, pacientes (eu!)...  - pensando, discutindo e buscando soluções para as questões (e bota questão nisso) dos pacientes oncológicos. Vi minhas críticas e  minhas dúvidas serem expostas e debatidas. 

"O paciente deve ser tratado em um único hospital e ter um único prontuário, para que suas informações médicas estejam centralizadas e seu tratamento tenha sucesso."*
"O médico deve conversar com seu paciente, olhar nos olhos, explicar sobre a doença e sobre o tratamento." 
"O paciente tem que ter acesso ao que há de melhor para o tratamento da sua doença. É possível ofertar isso na rede pública? E nos planos de saúde?"

Esses e muitos outros assuntos com os quais me debato diariamente foram refletidos de forma séria e responsável e com o foco na solução. É sempre bom saber que não estamos sozinhos!

Ah, dei uma pequena entrevista para a jornalista do Oncoguia, suponho que em breve esteja no site deles. Quando estiver disponível, eu publico aqui para vocês! ;)

*Desde o início do ano, por incrível que pareça, o governo determinou que o paciente seja direcionado a clínica da família, toda vez que tiver indicação de procurar uma nova especialização médica, mesmo já estando em tratamento no hospital. A clínica da família por sua vez pode encaminhar esse paciente para qualquer outro hospital (e só Deus sabe o critério...).

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Balzaquianas

Uma amiga querida, apaixonada pela leitura, resolveu transformar seu sonho em realidade e escreveu seu primeiro livro. O mais emocionante é que ela quis dividir comigo esse momento tão especial da sua vida e me convidou para escrever um texto sobre a minha experiência com o câncer de mama. E eu, claro, escrevi!   

Agora é hora de comemorar a concretização desse projeto que também considero um pouquinho meu! Então, estão todos convocados para o lançamento de Meninas de Trinta, de Roberta  de Souza. 

Dia: 5/3 - terça-feira
Hora: 17:30
Local: Livraria da Travessa
Endereço: Rua Sete de Setembro, 54 - Centro - RJ


Mais informações sobre a autora:
www.mixculturainformacaoearte.com



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carnaval 2013

Carnaval passado eu estava cheia de dor, já eram as metástases se manifestando e eu nem tinha ideia disso... Então, esse ano eu fiquei na maior expectativa. Como meu corpo iria reagir a tanta atividade? Eu teria pique? Eu sentiria dor?

O resultado foi ótimo! Eu praticamente não senti dor (nada além do que sinto nos esforços do dia a dia). Ainda não tenho o pique de antes e a resistência ao calor é próxima do zero. Mas, pra quem até ontem tinha dificuldade de andar um quarteirão completo, esse carnaval foi uma conquista. Agora é ter perseverança para seguir buscando a superação e ter paciência para entender o ritmo do meu corpo.

Será que ano que vem eu volta a desfilar no maracatu? ;)

Sapucaí - 6ª feira

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Atualizando: good news!

Há mais de um mês não escrevo no meu bloguinho :( Não foi abandono, não. Mas o fim de ano, que já é confuso para qualquer um, pra mim ficou ainda mais complicado porque comecei a tomar uns medicamentos que me deixaram dopada, dormindo praticamente o dia inteiro e, quando estava acordada, ficava um zumbi! Agora, os efeitos colaterais estão diminuindo e eu já me sinto bem melhor.

Ahhhhhhhhhhh, eu tenho boas notícias! A quimioterapia foi interrompida e estou fazendo somente a hormonioterapia! Huhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!! Fui liberada para fazer a reconstrução e estou pré-agenda para esse mês ainda! Grande presente de aniversário!!!

Além disso, como estou me sentindo bem, tenho ido a uns eventos pré-carnavalescos. Sábado eu e Rapha fomos ao bloco Timoneiros da Viola: MARAVILHOSO! Pena que não pudemos ficar até o final... Mas curtimos bastante e, de quebra, presenciamos uma grande vaia ao nosso "querido" prefeito. Quando mais o cantor tentava exaltá-lo "Gente, vocês esqueceram? Ele fez o Parque de Madureira. Ele reformou a quadra da Portelela." Mais intensa era a vaia. Orgulho de ver o povo não se render a obras eleitoreiras e conseguir ver a gestão como um todo! (Mesmo tendo que admitir que o Parque de Madureira é fantástico!)

Política à parte, estou muito feliz de ver que minha vida vai, finalmente, andar pra frente!